terça-feira, 3 de março de 2009

OLHAR


“Olhei-a nos olhos porque os olhos eram o sítio por onde ela me via. Tínhamos as mãos dadas, estávamos próximos, mas eram os olhos que deixavam que nos tocássemos”.
Cal, José Luís Peixoto

Já alguma vez olhaste – com olhos de ver para além do Sentir – para dentro de uma mulher, como quando olhas para dentro de ti e percebes o tamanho das palavras que ela te diz – mesmo sem o som da sua voz soltar?
Já alguma vez sentiste outro nome para o Amor, no olhar da mulher?
Já alguma vez sentiste outro nome para a Morte, no olhar da mulher?
Já alguma vez olhaste uma mulher e disseste – sem falar – “Gosto do que se vê e do que não se vê?”
Só podes encontrar o que vês e o que não vês – só tu podes encontrar – se ousares olhar.

Olhar: sempre além do infinitivo verbo – Ser. Olhar: acção de tocar o que as mãos não conseguem aceder.

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