"Entre duas palavras, escolha sempre a mais simples. Entre duas palavras simples, escolha sempre a mais curta." Paul Valery
Nas palavras: há palavras – sem palavras.
As palavras, nas palavras: das palavras. As palavras sem palavras.
Há quem abra a boca e nos toque com os lábios: soltando palavras – fala. São lábios que convidam a falar: palavras.
Há quem use o carinho das mãos numa folha – à espera de cicio – acariciando a folha com a tinta ou o carvão: desenhando esculturas frágeis ou rudes – escrita.
Há quem nunca tenha pronunciado uma palavra: mudez – mas que as encerre e receba em si – dentro ou fora – como tesouros guardados num baú ou numa gaveta.
Há quem nunca tenha recebido uma palavra: nudez – pouca abertura de espírito, egoísmo ou ausência: corpos nus os que a palavra não chega – sem veste.
Há quem fale quando devia calar: há palavras mudas – ditas no pestanejar mudo de um olhar – e palavras que tocam os céus, quando se tornam gritos: ecos do Ser.
Há palavras comuns: sem privacidade e palavras com identidade própria: partilhadas, apenas, com o eu ou aqueles a quem o eu permite Ser – existir.
Há palavras que só nos pertencem a nós: são-nos bocados, pedaços da nossa identidade. Sublime identidade: a do dono de palavras – as que guardamos em nós: Alma.
A Alma com palavras é um chão de papel – guardado nas pálpebras dos sentidos – pronto a desvendar: com carvão ou tinta, o que a tua imaginação te doar. Ou será antes doer?
Se tivesses que escolher uma só palavra para te acompanhar na Morte – derradeira viagem – qual irias levar?
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