“O meu amor da vida está paralisado pelo teu sono. É como a ave no ar veloz detida/ Tudo em mim se cala para escutar o chão do teu regresso.” Sophia de Mello Breyner Andresen
Aos que inauguram Sonhos em nós,
Não sabendo como dizer-te o que calava em mim: chamei-te. Como se chama – delicada e sorridente a forma de pegar nas águas do mar – um amor. Chamei-te como um som acabado de nascer. Um eco que o tempo não guardou: desconhece. Chamei-te e choveu: houve chuva. Muita chuva. Choveu tanto. Tudo molhou.
Choveu sobre a pedra por esculpir e o Vento que nela bateu, desenhou um violino e o som da Chuva tornou-se melodia, neste silêncio da Paixão – ecos do Amor.
O Vento bateu na pedra: desenhou um corpo frio. E mais tarde, muito mais tarde, nasceu o Poema. Tudo por te ter chamado e por ter chovido: um dia. O dia em que chamei por ti e choveu.
E a Chuva dispersou o que calava, tanto, em mim.
Nessa noite: na Noite do dia em que soltei a voz e a entreguei nas mãos do Vento para te chamar, morri. Morri muitas vezes à espera de um Sonho que viesse de repente, me levasse até ti e às escuras dançássemos os dois: numa noite sem luar.
Nessa Noite morri. A minha herança entregou-ta o Vento: o desejo de te falar.
Saibas a minha voz, levada até ti nas mãos do Vento, guardar. Só desta forma o meu Ser poderá para sempre repousar.
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