quinta-feira, 28 de maio de 2009

Foz: dentro de nós.

Não podemos dizer: “- Aquela pessoa é o demónio.”

Ninguém pode dizer isso de outro. Mas podemos dizer: “ – Às vezes o demónio habita certas pessoas, apodera-se do Sentir como um louco num castelo: tudo é tão grande. Tudo é imenso. Tudo o que não tem valor. Porque todas as coisas pequenas são sementes que brotarão num instante qualquer.” Tudo depende do Sentir e do Ser que enclausura sentidos em si. E às vezes o demónio visita os corpos no auge da solidão. Tirano e enganador vem de mãos dadas e coração aberto com o Tempo: um diabo reconhece e convida sempre outro, quer seja menor ou maior é um demónio. Um demónio nunca passa disso: alimenta-se toda a vida de ódio e pujança.
Às vezes encerramos mundos no mundo que somos, nós… Às vezes cicatrizam as feridas sem a ajuda de pós… E há vezes em que deixamos que morra um bom pedaço da voz que temos em nós.
Tudo isto porque às vezes há vezes em que nos sentimos sós. Mesmo quando somos do rio, a foz.

terça-feira, 12 de maio de 2009

OFICINAS de Escrita e Animação Cultural



Oficinas de Escrita e Animação Cultural
- 19 de Junho a partir das 21h30: OFICINA DE ESCRITA PARA ADULTOS:

“Escrita de baú: escrita de imagens ou imagens escritas?”

- 27 de Junho a partir das 15h00: OFICINA De Animação e Escrita Infanto-Juvenil:
a)Animação Cultural (malabarismo e outras técnicas de arte circenses); apresentação de figuras do “real imaginário”: ao serviço dos Sentidos. Realizada por Ruídos - Laboratório Humano De Artes.
b)Oficina de Escrita: “Os SENTIDOS DOS SENTIDOS”.

Coordenadora das Oficinas de Escrita: Sandra Ferreira

Coordenadores da Oficina de Animação Cultural: Ruídos - Laboratório Humano De Artes.

Local das Oficinas: Velha-a-branca, estaleiro Cultural- Braga

http://www.velha-a-branca.net/

(Agenda dos eventos disponível em Junho 2009).

quinta-feira, 7 de maio de 2009

A lágrima: vida.

“Um sorriso no retrato, uma lágrima lá caída era tudo tão perfeito. Era amor verdadeiro. O sentimento de revolta nasce dentro do meu ser. Porque foi que me deixaste? Onde foi que errei?”
“O riso, uma lágrima: o espelho no olhar…”
Outra vez (dava tudo), Dialectos

Há um vale escuro onde mora a dor que todos visitamos, quando um ente querido leva consigo uma lágrima que nos pertence e parte. Encetamos vidas imaginadas, vamos para lá do bem-querer só para ter a lágrima no seu lugar, outra vez! E abraçamos a Noite. Vamos para lá do anoitecer. Fingimos saber voar, saber ser. Esquecemos o nosso tempo dentro do Tempo. Morre a miséria que habitou em nós.
Deixamos de ser caminhos e passamos a ser lugares: únicos e perfeitos onde o Tempo não mora, onde a saudade não se demora. E deste Sentir que tudo ofusca deixamos a companhia das sombras, abandonado fica o vale escuro: sombrio beco onde a entrada é saída. A partir do abandono da dor – já depois de sentida e vivida – estamos no nosso momento, no nosso rumo, na nossa realidade: somos a “origem do pensamento”: testemunhas da felicidade.
Começamos a viver: soltamos os ecos de um passado, largamos as amarras ao pensamento e voamos dentro dos lugares que hoje somos: pequenos frutos colhidos nos caminhos que outrora fomos e tivemos de percorrer.
“Quantas vezes olhas para trás à procura de um sinal. Quantas vezes és capaz de enfrentar o mal? Alguma vez viste o mar? Sem saber para onde ir? Alguma vez viste o sol sem vontade de sorrir?”
Então, muito tempo volvido dentro do Tempo, aprendemos a melodia no Luar, aprendemos a “esquecer o próprio tempo”e damos valor às frases, muito mais do que frases, quando sabemos a origem do nosso pensamento, seguimos no nosso mundo, damos tudo outra vez ao fazer voar: o que em nós estava esquecido ou, tão-somente, perdido.