quinta-feira, 9 de julho de 2009

CIRANDA DA VIDA

“Passem-se dias, horas, meses, anos. Amadureçam as ilusões da Vida. Prossiga ela sempre dividida entre compensações e desenganos.” in Soneto de Aniversário, Vinicius de Moraes

Pintaram as cadeiras, coloriram o chão: o vazio continua.
Partiu o poeta com as cores de azul. Já não há poesia da cor do mar.
Partiu o mestre cirandeiro: ficou o meu pesar.
De cada vez que uma nuvem toca as ondas do mar sinto as percussões de uma dança: a última.
Dança sem par.
Dança sem lugar.
Dança do amante sem par.
Dança do ausente.
Já não há novos hinos: entoem-se os antigos.
Ergam-se vultos: sombras anónimas e sem cor. E do pálido brote um sorriso: hino ao Amor.
Festejem o dia que um Anjo subiu ao céu
e outro ficou na Terra: sem dança, sem par, sem lugar.
Festejem nesta ciranda da Vida: ouçam os versos daquele que o Amor cantou
e ao céu, azul, subiu numa dança sem par
para o seu legado nos ofertar.

Vinicius de Moraes 19 Outubro 1913 / 09 Julho 1980

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